sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

ENTREVISTA COM ANA BEATRIZ BARBOSA SILVA - ANSIEDADE

JOGOS COOPERATIVOS, SUGESTÃO DE ATIVIDADES




A ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL




Introdução



 O texto a seguir foi produzido a partir das observações realizadas em uma Escola Estadual na cidade de Porto Alegre/RS, por solicitação da disciplina de Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil, do Curso de Pedagogia do IPA. Inicialmente propõe questionar e refletir a rotina na educação infantil. Busca conceituar rotina, pensar sua importância ao desenvolvimento infantil, bem como desmitificar a questão da neutralidade, considerando-se que a mesma tem íntima relação com a concepção pedagógica da instituição. Observa a necessidade de adequação de conteúdos e do tempo de duração das atividades à faixa etária da criança. Em seguida apresenta relatos da observação realizada, confrontando teoria e prática, relacionando situações observadas à proposta de educação para autonomia.

A rotina na educação infantil


Laura de Paulo e Rosane de Almeida

 Quando falamos em rotina, logo nos vem à mente a ideia de rituais pré-estabelecidos, que devem ser seguidos obedecendo à uma sequência e tempo determinados. Mas de que forma essa ideia se aplica à educação infantil? Como trabalhar autonomia, criatividade e formar sujeitos reflexivos diante de um conceito tão rígido?
 De acordo com Barbosa (2006, p 35) ,“rotina é uma categoria pedagógica que os responsáveis pela educação infantil estruturam para, a partir dela, desenvolver o trabalho cotidiano nas instituições de educação infantil.” A partir daí, percebemos que a rotina é bem mais do que um ritual, não se limita a uma repetição mecânica de fatos, mas está intimamente ligada à concepção pedagógica e ao programa educacional da instituição.
 Na verdade, a concretização do planejamento se dá via rotina. A instituição que em seu planejamento priorize ações que possibilitem ao educando participar como sujeito ativo em seu processo de construção do conhecimento e refletir acerca do que está aprendendo, foge dos conceitos de regulação e manutenção, muitas vezes atrelados ao sentido da rotina. E assim, contribui para emancipação dos sujeitos, desenvolvendo criatividade e capacidade de solucionar problemas. Bruner ( 1996) ,ao abordar o conhecimento humano, afirma que este se desenvolve melhor de forma participativa, comunitária, cooperativa e quando há esforço para construir as significações.
 A “rotina diária” exerce importante papel na educação infantil, pois a mesma orienta a ação da criança, proporcionando sentimentos de estabilidade e segurança. Ajuda a criança a prever ações e contribui para que a mesma se situe na relação tempo-espaço (organização espaço-temporal). Vale ressaltar que a rotina deve ser flexível ao surgimento do novo, do inusitado.
Ao propor a rotina, deve-se levar em consideração a faixa etária com que se está trabalhando, procurando adequá-la às necessidades, capacidades e habilidades a serem desenvolvidas em cada grupo. Os conteúdos, bem como o tempo de duração das atividades propostas também devem se adequar à faixa etária dos alunos.
 A organização das salas, a disposição de móveis, objetos, materiais e brinquedos também refletem a rotina do grupo. Espaços planejados nos quais a crianças tenham acesso a livros, brinquedos, jogos e materiais diversificados auxiliam as atividades autônomas e cooperativas das mesmas, além de serem mais prazerosos. Da mesma forma, o espaço físico externo deve atender às necessidades de movimentação das crianças (correr, engatinhar, saltar, esconder-se, etc).
 A observação da rotina na educação infantil nos possibilitou analisar se há coerência entre o que se espera para esta etapa da educação básica e o que realmente ocorre nas salas de aula. Através dos estudos realizados sobre a organização do tempo e dos espaços na educação infantil, necessários para o desenvolvimento das crianças, encontramos com um ambiente que busca contemplar a exploração dos sentidos e a interação dos alunos com diversos elementos. A relação com o meio físico possibilita às crianças a estruturação das funções motoras, sensoriais, simbólicas, lúdicas e relacionais.
Considerando o ambiente educativo um importante fator para o desenvolvimento, partimos para a verificação. Ao chegarmos na educação infantil, nos deparamos com um hall de entrada amplo e bem iluminado, com um enorme espelho na parede. Ali a professora recebe os familiares e os alunos antes de começar a aula. Ao lado do hall de entrada há um pequeno palco para apresentações de trabalhos ou confraternizações com familiares.
 A sala de aula é um ambiente acolhedor. Os alunos sentam-se em grupos e se mostram membros pertencentes desse grupo, tomando conhecimento sobre as regras coletivas, a distribuição do tempo e dos espaços da sala de aula. Há banheiros dentro do recinto, para meninos e meninas, como também um bebedouro, e eles sabem como e quando utilizarem tais recursos. Além destes componentes que atendem às necessidades fisiológicas dos alunos, a sala dispõe de outros espaços.
 Para identificar quem está presente e ausente na aula há um espaço destinado a chamada, em forma de painel, onde é feita pelo(a) aluno(a) ajudante do dia com a ajuda do restante do coletivo. Ao planejar a rotina a turma também utiliza outro espaço, onde são expostos os momentos da aula. Ali os alunos podem conferir e visualizar de forma clara a ordem das atividades. Dentro da sala tem uma prateleira para guardar materiais, brinquedos e jogos que são usados em certas atividades. Os alunos utilizam os materiais e após isso colocam no lugar, mantendo a organização do local.
 Visando atender aos interesses das crianças nesta etapa da vida, é necessário dispor de um espaço para brincar, praticar o jogo simbólico característico da idade. Sendo assim a turma desfruta do canto do brinquedo. Neste canto contém diversos materiais lúdicos como comidinhas, bonecas, telefone, ursos, teclado de computador, carrinho de supermercado, entre outros, como também um espelho para que os alunos possam brinquem livremente, fazendo suas representações simbólicas, e se enxerguem.
 Outro espaço que os alunos podem usufruir é o canto da leitura. Com tapete e estante para livros, revistas e histórias em quadrinhos, os alunos ouvem histórias, como também manipulam livros. Isso faz com que despertem o interesse pelas letras e pelas imagens, reconhecendo-as, e também aflorem sua imaginação.
 Conforme Craidy e Kaercher (2001), entendemos que a forma como os espaços estão dispostos na sala de aula possibilita aos alunos e professores uma visão ampla do espaço disponível a ser trabalhado, além de favorecer a interação entre o grupo. A promoção da identidade pessoal dos alunos, bem como o desenvolvimento de suas competências, como se ver membro integrante do grupo, por meio da dominação do espaço são competências bem desenvolvidas pela turma observada. Percebemos também que a rotina pode ser flexível e respeitar os ritmos do dia-a-dia sem deixar de possibilitar experiências e interações importantes para o desenvolvimento dos pequenos.

Referência Bibliográfica:
Barbosa, Maria Camen Silveira. Por Amor e por força: rotinas na educação infantil – Porto Alegre: Artmed, 2006
Devries, Rheta. A ética na educação infantil: o ambiente sócio-moral na escola – Porto Alegre: Artes Médicas, 1998
Abramowiez, Anete. Educação infantil: creches: atividades para crianças de zero a seis anos – 2 Ed. - são paulo: Moderna, 1999

sábado, 3 de outubro de 2009